Não é sempre que preciso fazer dessas coisas, mas recentemente precisei mexer num disco de livecd do Ubuntu que estava em formato iso pra alterar algumas coisa.
Então aqui fica receita de como fazer isso (dependendo do que deseja fazer, claro).
Primeiro eu tenho dois diretórios que uso pra montagem dos filesystems. Os /cdrom e /mnt. Como já uso desse forma faz anos, não sei se são criados por padrão no Ubuntu ou outro sistemas. Então se for copiar o que descrevo aqui, tenha certeza que esses diretórios existem. Outro ponto importante é que rodo todos os comandos como root.
Então o começo de tudo é montar a imagem do Ubuntu no diretório desejado.
root@goosfraba /# mount -t iso9660 -o loop ubuntu-20.04.03-desktop-amd64.iso /cdrom
Esse conteúdo precisa ser copiado pra um diretório temporário.
root@goosfraba /# mkdir /tmp/temp-cdrom
root@goosfraba /# cd /tmp/temp-cdrom
root@goosfraba /t/temp-cdrom# tar cvf - -C /cdrom . | tar xvf -
Existe o arquivo casper/filesystem.squashfs que é o filesystem do livecd. Você pode montar esse disco com o seguinte comando (e aqui entra o /mnt que comentei antes):
root@goosfraba /t/temp-cdrom# mount -t squashfs -o loop /tmp/temp-cdrom/casper/filesystem.squashfs /mnt
mas esse disco é apenas read-only. Pra modificar é preciso usar a ferramenta unsquashfs que faz parte do pacote squashfs-tools.
root@goosfraba /t/temp-cdrom# mkdir /tmp/squashfs
root@goosfraba /t/temp-cdrom# cd /tmp/squashfs
root@goosfraba /t/squashfs# unsquashfs /tmp/temp-cdrom/casper/filesystem.squashfs
Parallel unsquashfs: Using 8 processors
185020 inodes (205968 blocks) to write
[=================================================================================================================================================================/] 205968/205968 100%
created 155722 files
created 19319 directories
created 29184 symlinks
created 8 devices
created 0 fifos
root@goosfraba /t/squashfs# ls squashfs-root/
bin@ boot/ dev/ etc/ home/ lib@ lib32@ lib64@ libx32@ media/ mnt/ opt/ proc/ root/ run/ sbin@ snap/ srv/ sys/ tmp/ usr/ var/
Daí sim fazer as modificações desejadas.
Ao terminar é preciso gerar a imagem no formato squashfs novamente, agora usando o mksquashfs. Prepare-se pra ir fazer um café ou assistir um filme pois o processo demora bastante nesse passo.
root@goosfraba /t/squashfs# mksquashfs squashfs-root /tmp/temp-cdrom/casper/filesystem.squashfs -b 1024k -comp xz -Xbcj x86 -e boot
Parallel mksquashfs: Using 8 processors
Creating 4.0 filesystem on /tmp/temp-cdrom/casper/filesystem.squashfs, block size 1048576. [=================================================================================================================================================================/] 149629/149629 100%
Exportable Squashfs 4.0 filesystem, xz compressed, data block size 1048576
compressed data, compressed metadata, compressed fragments,
compressed xattrs, compressed ids
duplicates are removed
Filesystem size 1695376.64 Kbytes (1655.64 Mbytes)
32.81% of uncompressed filesystem size (5167137.40 Kbytes)
Inode table size 1550743 bytes (1514.40 Kbytes)
20.75% of uncompressed inode table size (7473067 bytes)
Directory table size 1819524 bytes (1776.88 Kbytes)
36.53% of uncompressed directory table size (4981005 bytes)
Xattr table size 98 bytes (0.10 Kbytes)
81.67% of uncompressed xattr table size (120 bytes)
Number of duplicate files found 18577
Number of inodes 204220
Number of files 155715
Number of fragments 2275
Number of symbolic links 29180
Number of device nodes 8
Number of fifo nodes 0
Number of socket nodes 0
Number of directories 19317
Number of ids (unique uids + gids) 37
Number of uids 15
root (0)
ntp (126)
dnsmasq (112)
saned (119)
speech-dispatcher (114)
systemd-timesync (100)
_apt (105)
rtkit (118)
messagebus (106)
man (6)
postfix (125)
whoopsie (109)
sshd (121)
sddm (122)
syslog (104)
Number of gids 28
root (0)
dip (30)
shadow (42)
lpadmin (113)
rtkit (126)
mysql (131)
nogroup (65534)
lp (7)
audio (29)
systemd-timesync (102)
utmp (43)
tty (5)
geoclue (105)
_ssh (118)
input (106)
mail (8)
staff (50)
avahi (120)
man (12)
pulse-access (125)
whoopsie (116)
munin (130)
saned (127)
pulse (124)
uuidd (111)
systemd-journal (101)
adm (4)
messagebus (110)
E o último passo é gerar o disco bootável. Pra isso eu usei o genisoimage:
root@goosfraba /tmp# genisoimage -b isolinux/isolinux.bin -c isolinux/boot.cat -no-emul-boot -boot-load-size 4 -boot-info-table -r -J -o /tmp/ubuntu-20.04.03-modificado-desktop-amd64.iso /tmp/temp-cdrom
Com isso a image iso ubuntu-20.04.03-modificado-desktop-amd64.iso é gerada.
Eu estava aguardando o release oficial dessa palestra, o que aconteceu no dia 25.
Fiz uma palestra sobre programação em shell script abordando Bourne shell e resolvendo o mesmo problema que apresentei na rápida introdução ao Python na BSD Day 2021, em python, e na Latinoware 2021 - Go das trincheiras, em Go. Dessa vez use o shell script e resolvi o mesmo problema.
Terminada minha maratona pessoal de participações em conferências e eventos em geral, eu decidi dedicar algum tempo pra atualizar meus sistemas.
Meu desktop passou de Ubuntu 20.04 pra 21.10. Decidi simplesmente largar o LTS e abraçar os releases intermediários. Tive alguns problemas com o snapd, que deu uns crashes de kernel, mas no fim tudo deu certo. Uma boa experiência de ambiente desktop com KDE Plasma mais recente.
No servidor eu atualizei pro último Debian estável. Eu sempre espero um pouco pra fazer isso, até sair a correção .1 do release, e foi o que fiz no final. Mas um dos problemas que tive foram meus scripts em python. Muitos deles foram feitos há mais de 10 anos e estavam rodando felizes com python 2.7. O upgrade pra Debian bullseye acabou com essa alegria. Apenas python3 restou e muita coisa parou de funcionar. Posso dizer que até agora não encontrei tudo que quebrou após o upgrade, mas devagar estou corrigindo.
Então aproveitando o embalo eu decidi também fazer o upgrade do raspberrypi. Mesmo sendo raspbian, é Debian. E passei pro bullseye. Assim como o servidor, o upgrade em si foi bem tranquilo. Super suave.
Então percebi que meu as fotos pararam de funcionar.
tl;dr: basicamente o antigo suporte ao picamera deixou de existir. Foi trocado pela libcamera, que não tem suporte em python ainda.
https://github.com/waveform80/picamera/issues/697
O que é possível fazer agora? Aliás o que eu fiz pra contornar isso? Bom... não ficou bonito, mas funciona. Chamei um dos programas que vem com o libcamera e salva fotos em jpeg usando subprocess.
class LibCameraInterface:
def __init__(self, sleep_time=30): None
def get_image(self, destination):
debug("LibCameraInterface.get_image()")
import subprocess
width, height = IMGSIZE
command = f"/usr/bin/libcamera-jpeg --width={width} --height={height} -o {destination}"
subprocess.call(command.split())
Eu aproveitei e dei uma boa refatorada no código. Ficou mais simples e pronto pra trocar. Criei duas classes, LibCameraInterface e CameraInterface. A ideia é voltar ao CameraInterface uma vez que tenha algum tipo de suporte em python. Por enquanto nem pygame funciona mais.
O resultado é quase o mesmo. Quase. Pelo libcamera as imagens ficaram mais escura durante a noite.
O antes:
O depois:
Ambas bem escuras. A segunda eu mudei um pouco a posição da câmera, mas mesmo pegando a iluminação dos prédios fica bem escura. E não achei ainda um jeito de melhorar isso.
Talvez um upgrade pra próxima versão.
UPDATE:
Eu tinha esquecido de postar o link do programa no github. Aqui está ele.
https://github.com/helioloureiro/snapshot-twitter/blob/master/weather-twitter.py
Update 2022-12-09: fui revisitar o artigo e percebi que não tinha colocado o link pro bug no github. Então adicionei.
Pode parecer meio estranho, mas foi isso mesmo que precisei fazer: pegar a chave pública de ssh de um perfil que estava no jenkins pra configurar o acesso num repositório Gitlab.
Mas o Jenkins, sabiamente, não guarda ou mostra essas credenciais pra você. Então precisei recorrer a meios não muito convencionais pra fazer isso.
Primeiro fooi pegar a chave privada que ele tinha armazenado. Pra isso encontrei uma receita de bolo, escrita em Groovy.
https://scriptcrunch.com/groovy-script-retrieve-jenkins-credentials/
import jenkins.*
import jenkins.model.*
import hudson.*
import hudson.model.*
def jenkinsCredentials = com.cloudbees.plugins.credentials.CredentialsProvider.lookupCredentials(
com.cloudbees.plugins.credentials.Credentials.class,
Jenkins.instance,
null,
null
);
for (creds in jenkinsCredentials) {
// descomente essa parte abaixo se precisar de mais detalhes
//println(jenkinsCredentials.id)
println(creds.username))
if(creds.id == "2671e11a-4831-fa3f-0d58-7b331318c04d"){
println(creds.privateKey)
}
}
E pra rodar junto ao Jenkins, na área de scripts. Se não sabia ainda, é possível rodar script pela interface web atráves da url que tem do Jenkins mais o final "/script".
No laço "if" onde olho se o creds.id bate com um número gigante, esse é o identificador que você vê como ID nas credenciais.
Esse foi o resultado:
user1
user2
user3
-----BEGIN RSA PRIVATE KEY-----
MIIEowIBAAKCAQEAyONzf1Ti1Dv8jI68/oyGJ2Gf6CNkN64ncZAVB5QnR+0NbyzN
G9U6uFqKUoSuuYblqANJNGR3PKCVhCJCB6Ge7azPK10eYEHFyYXGuIwi9Rb3MsjN
Cof57NzenIUcErm0Cuxk34xEXdR5UFm8GI0q3MEuBSwopQfAnfGa5L+QxGt/+YuY
ei/n/V0QsgYuZb9RVF2NbTrNLk09vBQ7SVwyDzKBaaGFkO0uh6fvCz/gq8L+f9cL
Z/twZNy1/Z13VSe2Agd/1ErLBqlTrxabPCFPMWm4YiAAwIUqhwaI6GU7IRLo/HWo
9eqfvYUWh6FyBKRf7bdSdWfWSSTNxgwPCfJavQIDAQABAoIBADjjaG6znDSb9C3d
shmns8ntNHppo1S9RcA8HCh0RRdyQu6r0j3CiYlxYmBx4IT7dYe5vn5OwRFzLEQp
62b71uTZniVajmKV3avu7VKPpMqhQUmpYZ9M2HLCLWxHqaaH3juFrB8+OpITvHML
pl+RgoTXU+/1DGGHq31O0R1cPmPQyRDhaxVpzsYwbCcIYGJ1hjz2g+098LwtIr5W
5i2Z6JUpE6GyXlVZAM1f9tsYWgGGEBqbH4frUjH9Ao1F7dKARDHsiwcjbreywBx1
aVk8AsTP31vqdOJgUJC9JcM/cf2GLUQxg7ZjdDTrTPWnNzWFhALoFe79UKw4lhE7
ezrqi0UCgYEA457BTvaKI+pcxuh5waV1SrfBYDC9czZpYht1R1i3lmYJKdQFHtVl
HAoy18zuYec9MaNPdqbzWysqkH6D6R8T/qdogQ9/5XpSnPVGbsg2IRKq4jNPrh1M
y8Kx2SOYpk6eLtPxYeRHaAKv/GYbQMs8Sh+GNkSiudhTEESj+KKhmO8CgYEA4e93
phLCmzP+SI2pgqFkZ2H2R5X8aCkbuV7pdcnTb4T/rH0Zah2vFEOmjWaUaGHJDOWk
6y+JPzWmxdweb+2FKTg1g6m8ig1DazcmkTG0CEWwwDLJ93LiQYl59uXt2UuQSkj6
Be+JcUzY2w1lhD0+vNfVF/RrH+xTaYfze1PiDxMCgYBtHNUdvSFLRjVjRF3Zbi9j
ueKA8dxfNl4eIXt+0BBxkEgkPPaXaUQmxNzKhfpgBDFZcifNgQp3UaH90if5wGQd
VrLJ61wr7Q9dHla9FEyeXgx8koxHstP1eUc4B9BNKLK7T+4ONxfjzCYAoBHAZaxo
++OicBRxcjmfOsg/j/ZXEQKBgQDZS84gfJSMXsIml5C7YWvGfpI2IUukBj1y2JTi
w1zGOf0IsTybMbdsXvA1uL3tcnbCH6+wvoRatcgTLfRcI+3ZSgU1/y6k+8KmwGEo
bcw/1H79KxvSEL0I2SbjThqmzaUVvQAya0IeJRHABC9pstm/GDoLkvjguBM1QRrs
ty2I3wKBgEBRpeSp/07x6LaIqHULNuV515BqtvWmWQuc8ngMOkcOO1mcQ745VbDj
YO0pIFHmK1iCtrXhyKPxOOitBjiQOZTeR6cZehm/7Mg+LWR6qdloqOOOij//WND6
PEeIskhUu6Dg07S91meHs3u/TRL0Gmr+zjCIn/0P40O38iyZTaVK
-----END RSA PRIVATE KEY-----
user4
user5
user6
De posse da chave privada, foi então questão de salvar em arquivo, que chamei de jenkins, e gerar a chave pública a partir dela.
Achei que o openssl iria fazer isso, mas todas as tentativas foram frustradas. No fim descobri como resolver com o próprio ssh-keygen olhando no stackoverflow, sempre ele pra nos ajudar:
https://stackoverflow.com/questions/10271197/how-to-extract-public-key-using-openssl
> ssh-keygen -y -f jenkins
ssh-rsa AAAAB3NzaC1yc2EAAAADAQABA
AABAQDI43N/VOLUO/yMjrz+jIYnYZ/oI2Q3ridxkBUHlCdH7Q1vLM0b1Tq4W
opShK65huWoA0k0ZHc8oJWEIkIHoZ7trM8rXR5gQcXJhca4jCL1FvcyyM0Kh
/ns3N6chRwSubQK7GTfjERd1HlQWbwYjSrcwS4FLCilB8Cd8Zrkv5DEa3/5i
5h6L+f9XRCyBi5lv1FUXY1tOs0uTT28FDtJXDIPMoFpoYWQ7S6Hp+8LP+Crw
v5/1wtn+3Bk3LX9nXdVJ7YCB3/USssGqVOvFps8IU8xabhiIADAhSqHBojoZ
TshEuj8daj16p+9hRaHoXIEpF/tt1J1Z9ZJJM3GDA8J8lq9
e foi assim que consegui conectar o Jenkins usando o user3 com chave ssh no Gitlab. Peço desculpas em ter quebrado a chave em 60 colunas aqui, mas o fiz pra que ficasse bom pra ler também em smartphones.
AVISO: todos os dados aqui não são os verdadeiros. Antes de alguém perder tempo usando isso pra tentar invadir alguma coisa minha, eu gerei tanto o ID com sha256sum da data atual e preenchi pra parecer o ID do Jenkins quanto a chave privada, que gerei também só pra mostrar aqui. Nada disso está em uso em lugar algum.
E foi assim que tudo começou. Com um singelo e modesto "deu merda". Primeiramente uma rápida introdução pra explicar o que isso significa: temos um bot pra adicionar assuntos nas pautas do canal Unix Load On. O bot roda em Python no raspberrypi3 que tenho aqui em casa. O mesmo que fica tirando fotos pela janela e mostra no twitter no perfil @helio_weather.
Então temos essa função "/addpauta" com um estilo de inglês a la Raimundos pra adicionar novos links. O programa no bot rodava um código com módulo requests pra pegar a página e buscar o título do artigo. Só isso. Então não era algo esperado pra ter o resultado "deu merda". Mas deu.
Olhando a mesma URL usando o ipython:
> ipython3
Python 3.9.7 (default, Sep 10 2021, 14:59:43)
Type 'copyright', 'credits' or 'license' for more information
IPython 7.20.0 -- An enhanced Interactive Python. Type '?' for help.
In [1]: import requests
In [2]: url = "https://www.theregister.com/2021/11/02/fedora_35/"
In [3]: r = requests.get(url)
In [4]: r.status_code
Out[4]: 103
In [5]: r.text
Out[5]: ''
então é isso. O webserver retorna 103, que é uma nova RFC, e espera que você continue pegando o conteúdo. Só que o módulo requests não faz isso.
Existe um bug aberto no github sobre esse problema onde eles relatam que o comportamento não é bem do requests, mas da urllib3, que é parte do core do Python. Traduzindo em miúdos: não tem solução e talvez façam uma correção no Python 3.10.
Atualizar todo o Python só pra corrigir um erro besta desses? Entra em cena o curl, que já comentei em usando curl pra monitorar um site. Não o curl propriamente dito, mas a pycurl. Tanto curl quanto pycurl passam dando tchauzinho por esse problema de manipular a resposta 103. E mandam aquele abraço pra urllib3.
Olhando via script:
> curl -s https://www.theregister.com/2021/11/02/fedora_35/ | head -10
<!doctype html>
<html lang="en">
<head>
<meta content="text/html; charset=utf-8" http-equiv="Content-Type">
<title>Fedora 35 released with GNOME 41 desktop • The Register</title>
<meta name="robots" content="max-snippet:-1, max-image-preview:standard, max-video-preview:0">
<meta name="viewport" content="initial-scale=1.0, width=device-width"/>
<meta property="og:image" content="https://regmedia.co.uk/2021/11/02/fedora35.jpg"/>
<meta property="og:type" content="article" />
<meta property="og:url" content="https://www.theregister.com/2021/11/02/fedora_35/" />
fazendo o mesmo em Python:
import pycurl
from io import BytesIO
def curl(url):
crl = pycurl.Curl()
crl.setopt(crl.URL, url)
b_obj = BytesIO()
crl.setopt(crl.WRITEDATA, b_obj)
crl.setopt(crl.FOLLOWLOCATION, True)
crl.setopt(pycurl.USERAGENT, 'Mozilla/5.0 (Windows NT 10.0; rv:78.0) Gecko/20100101 Firefox/78.0')
crl.perform()
crl.close()
return b_obj.getvalue().decode('utf-8')
print(curl("https://www.theregister.com/2021/11/02/fedora_35/"))
então fica aqui a lição: onde a requests falhar, pycurl estará lá pra te salvar.
Eu até hoje não postei nada aqui, mas já faz algum tempo que trabalho com Go como primeira linguagem de programação. É uma linguagem bacana e interessante. A curva de aprendizado não é grande e rapidamente você já consegue criar programas nele.
Com essa ideia em mente eu refiz a palestrada da BSD Day, rápida introdução ao Python na BSD Day 2021, em Go.
Claro que é uma introdução bastante rápida e não cubro muitas coisas da linguagem. Mas espero que sirva como primeiro passo pra quem estiver interessado em aprender.
Eu acabei quebrando minha promessa de ano novo de postar aqui semanalmente durante os últimos meses. Mas tenho uma boa justificativa. Eu escrevi um artigo pra Revista Espírito Livre, fiz duas palestras na Latinoware, organizei a PyCon Suécia, organizei a hackathon na firma e fiz uma última palestra pra Tchelinux.
Muito disso ainda não foi publicado. Quando aparecer, com certeza crio um post sobre o assunto.
Mas entre o que já foi publicado está a palestra sobre carreira na Latinoware.
Foquei mais nas perguntas que geralmente aparecem no grupo do telegram. E, claro, tinha mais assunto pra falar, mas vou guardar pra outra oportunidade :)
Seguindo os artigos trabalhando de home-office e trabalhando de casa - atualização de 2021, aqui vai mais uma atualização.
Eu decidi investir num teclado novo. Mecânico, claro. Decidi não ter mais um full size, que tem o teclado numérico, mas num um pouco mais curto. Depois de muito olhar e pesquisar, finalmente decidi pegar um Keychron C1 com brown switch.
Fiz um vídeo do unboxing onde tem até uma comparação de som com o teclado que usava anteriormente, que é do tipo blue switch.
Mas nem tudo foi uma maravilha em Linux.
Pra fazer o teclado funcionar corretamente eu precisei usar o modo Mac. No modo Windows, de jeito nenhum eu consegui fazer funcionar as teclas de funções. Mesmo no modo Mac eu precisei ajustar uns parâmetros pra tudo dar certo.
Precisei criar o arquivo /etc/moprobe.d/hid_apple.conf da seguinte maneira:
echo "options hid_apple fnmode=2 swap_opt_cmd=1" >> /etc/modprobe.d/hid_apple.conf
Com isso o kernel reconhece o teclado e aplica a configuração correta. Então as teclas de função F1-F12 são o padrão e preciso apertar a tecla "fn" pra usar as funções.
Existem várias opções de troca de firmware pra mudar cores, etc, mas confesso que não é algo que eu realmente pense em fazer. Pra mim basta ser um teclado mecânico confortável, o que realmente é, e ter um teclado luminoso (às vezes trabalho no escuro e isso ajuda).
Como reinstalei meu laptop acabei percebendo que dica de cima faltaram algumas coisas.
Primeiro que pra ativar manualmente o teclado, basta rodar o seguinte comando como root:
echo 0 >> /sys/module/hid_apple/parameters/fnmode
depois que ao criar o arquivo no modprobe, é preciso também re-gerar o arquivo de initram com o comando:
update-initramfs -u -k all
Update em 2025-03-09:
Atualizado o comando em /etc/modprobe.d/hid_apple.conf
com a configuração atual.
Durante a útima gravação do Unix Load On, Ingo comentou sobre aceleração de hardware via VAAPI. Eu imaginava que isso apenas era possível com GPUs da NVIDIA, mas depois que ele comentou sobre VAPI rodando em Intel, fui atrás de como isso funcionava.
Então fiz o teste de criar um vídeo a partir das imagens que fiz da troca de pneus da bicicleta pros de inverno.
O primeiro foi usando a CPU.
$ rm -f out.mp4; time ffmpeg -r 60 -i image-%03d.jpg -c:v libx264 -vf fps=60 -pix_fmt yuv420p out.mp4 ffmpeg version 3.4.8-0ubuntu0.2 Copyright (c) 2000-2020 the FFmpeg developers built with gcc 7 (Ubuntu 7.5.0-3ubuntu1~18.04) configuration: --prefix=/usr --extra-version=0ubuntu0.2 --toolchain=hardened --libdir=/usr/lib/x86_64-linux-gnu --incdir=/usr/include/x86_64-linux-gnu --enable-gpl --disable-stripping --enable-avresample --enable-avisynth --enable-gnutls --enable-ladspa --enable-libass --enable-libbluray --enable-libbs2b --enable-libcaca --enable-libcdio --enable-libflite --enable-libfontconfig --enable-libfreetype --enable-libfribidi --enable-libgme --enable-libgsm --enable-libmp3lame --enable-libmysofa --enable-libopenjpeg --enable-libopenmpt --enable-libopus --enable-libpulse --enable-librubberband --enable-librsvg --enable-libshine --enable-libsnappy --enable-libsoxr --enable-libspeex --enable-libssh --enable-libtheora --enable-libtwolame --enable-libvorbis --enable-libvpx --enable-libwavpack --enable-libwebp --enable-libx265 --enable-libxml2 --enable-libxvid --enable-libzmq --enable-libzvbi --enable-omx --enable-openal --enable-opengl --enable-sdl2 --enable-libdc1394 --enable-libdrm --enable-libiec61883 --enable-chromaprint --enable-frei0r --enable-libopencv --enable-libx264 --enable-shared libavutil 55. 78.100 / 55. 78.100 libavcodec 57.107.100 / 57.107.100 libavformat 57. 83.100 / 57. 83.100 libavdevice 57. 10.100 / 57. 10.100 libavfilter 6.107.100 / 6.107.100 libavresample 3. 7. 0 / 3. 7. 0 libswscale 4. 8.100 / 4. 8.100 libswresample 2. 9.100 / 2. 9.100 libpostproc 54. 7.100 / 54. 7.100 Input #0, image2, from 'image-%03d.jpg': Duration: 00:00:25.24, start: 0.000000, bitrate: N/A Stream #0:0: Video: mjpeg, yuvj420p(pc, bt470bg/unknown/unknown), 4000x3000 [SAR 1:1 DAR 4:3], 25 fps, 25 tbr, 25 tbn, 25 tbc Stream mapping: Stream #0:0 -> #0:0 (mjpeg (native) -> h264 (libx264)) Press [q] to stop, [?] for help [swscaler @ 0x56448c3106c0] deprecated pixel format used, make sure you did set range correctly [libx264 @ 0x56448c268ee0] using SAR=1/1 [libx264 @ 0x56448c268ee0] using cpu capabilities: MMX2 SSE2Fast SSSE3 SSE4.2 AVX FMA3 BMI2 AVX2 [libx264 @ 0x56448c268ee0] profile High, level 6.0 [libx264 @ 0x56448c268ee0] 264 - core 152 r2854 e9a5903 - H.264/MPEG-4 AVC codec - Copyleft 2003-2017 - http://www.videolan.org/x264.html - options: cabac=1 ref=3 deblock=1:0:0 analyse=0x3:0x113 me=hex subme=7 psy=1 psy_rd=1.00:0.00 mixed_ref=1 me_range=16 chroma_me=1 trellis=1 8x8dct=1 cqm=0 deadzone=21,11 fast_pskip=1 chroma_qp_offset=-2 threads=6 lookahead_threads=1 sliced_threads=0 nr=0 decimate=1 interlaced=0 bluray_compat=0 constrained_intra=0 bframes=3 b_pyramid=2 b_adapt=1 b_bias=0 direct=1 weightb=1 open_gop=0 weightp=2 keyint=250 keyint_min=25 scenecut=40 intra_refresh=0 rc_lookahead=40 rc=crf mbtree=1 crf=23.0 qcomp=0.60 qpmin=0 qpmax=69 qpstep=4 ip_ratio=1.40 aq=1:1.00 Output #0, mp4, to 'out.mp4': Metadata: encoder : Lavf57.83.100 Stream #0:0: Video: h264 (libx264) (avc1 / 0x31637661), yuv420p, 4000x3000 [SAR 1:1 DAR 4:3], q=-1--1, 60 fps, 15360 tbn, 60 tbc Metadata: encoder : Lavc57.107.100 libx264 Side data: cpb: bitrate max/min/avg: 0/0/0 buffer size: 0 vbv_delay: -1 frame= 631 fps=1.1 q=-1.0 Lsize= 64381kB time=00:00:10.46 bitrate=50388.8kbits/s speed=0.0188x video:64372kB audio:0kB subtitle:0kB other streams:0kB global headers:0kB muxing overhead: 0.013232% [libx264 @ 0x56448c268ee0] frame I:11 Avg QP:23.13 size:216485 [libx264 @ 0x56448c268ee0] frame P:236 Avg QP:25.43 size:133712 [libx264 @ 0x56448c268ee0] frame B:384 Avg QP:25.38 size: 83278 [libx264 @ 0x56448c268ee0] consecutive B-frames: 14.1% 11.7% 7.6% 66.6% [libx264 @ 0x56448c268ee0] mb I I16..4: 16.8% 81.8% 1.4% [libx264 @ 0x56448c268ee0] mb P I16..4: 24.8% 44.9% 0.4% P16..4: 16.1% 1.8% 0.9% 0.0% 0.0% skip:11.1% [libx264 @ 0x56448c268ee0] mb B I16..4: 12.5% 18.4% 0.1% B16..8: 21.0% 2.2% 0.3% direct: 2.5% skip:43.1% L0:50.8% L1:46.8% BI: 2.4% [libx264 @ 0x56448c268ee0] 8x8 transform intra:62.8% inter:92.5% [libx264 @ 0x56448c268ee0] coded y,uvDC,uvAC intra: 29.1% 18.4% 0.7% inter: 11.4% 16.9% 0.1% [libx264 @ 0x56448c268ee0] i16 v,h,dc,p: 41% 27% 23% 9% [libx264 @ 0x56448c268ee0] i8 v,h,dc,ddl,ddr,vr,hd,vl,hu: 29% 22% 42% 2% 1% 1% 1% 1% 1% [libx264 @ 0x56448c268ee0] i4 v,h,dc,ddl,ddr,vr,hd,vl,hu: 31% 17% 19% 6% 6% 6% 6% 5% 3% [libx264 @ 0x56448c268ee0] i8c dc,h,v,p: 66% 16% 18% 1% [libx264 @ 0x56448c268ee0] Weighted P-Frames: Y:33.5% UV:16.5% [libx264 @ 0x56448c268ee0] ref P L0: 40.1% 13.1% 23.2% 17.1% 6.5% [libx264 @ 0x56448c268ee0] ref B L0: 59.5% 30.9% 9.6% [libx264 @ 0x56448c268ee0] ref B L1: 83.0% 17.0% [libx264 @ 0x56448c268ee0] kb/s:50142.36 1190.99user 25.61system 9:17.29elapsed 218%CPU (0avgtext+0avgdata 2714684maxresident)k 117280inputs+128944outputs (45major+630483minor)pagefaults 0swaps
9 minutos e 17 segundos. Usando 218% de CPU, de um laptop com 4 CPUs. Esse é o funcionamento normal.
E usando a GPU pra isso? Eu demorei um pouco pra acertar os parâmetros pra usar a VAAPI, mas no fim deu certo.
$ rm -f out.mp4; time ffmpeg -vaapi_device /dev/dri/renderD128 -r 60 -i image-%03d.jpg -vf 'format=nv12,hwupload,fps=60' -c:v h264_vaapi -pix_fmt vaapi_vld out.mp4 ffmpeg version 3.4.8-0ubuntu0.2 Copyright (c) 2000-2020 the FFmpeg developers built with gcc 7 (Ubuntu 7.5.0-3ubuntu1~18.04) configuration: --prefix=/usr --extra-version=0ubuntu0.2 --toolchain=hardened --libdir=/usr/lib/x86_64-linux-gnu --incdir=/usr/include/x86_64-linux-gnu --enable-gpl --disable-stripping --enable-avresample --enable-avisynth --enable-gnutls --enable-ladspa --enable-libass --enable-libbluray --enable-libbs2b --enable-libcaca --enable-libcdio --enable-libflite --enable-libfontconfig --enable-libfreetype --enable-libfribidi --enable-libgme --enable-libgsm --enable-libmp3lame --enable-libmysofa --enable-libopenjpeg --enable-libopenmpt --enable-libopus --enable-libpulse --enable-librubberband --enable-librsvg --enable-libshine --enable-libsnappy --enable-libsoxr --enable-libspeex --enable-libssh --enable-libtheora --enable-libtwolame --enable-libvorbis --enable-libvpx --enable-libwavpack --enable-libwebp --enable-libx265 --enable-libxml2 --enable-libxvid --enable-libzmq --enable-libzvbi --enable-omx --enable-openal --enable-opengl --enable-sdl2 --enable-libdc1394 --enable-libdrm --enable-libiec61883 --enable-chromaprint --enable-frei0r --enable-libopencv --enable-libx264 --enable-shared libavutil 55. 78.100 / 55. 78.100 libavcodec 57.107.100 / 57.107.100 libavformat 57. 83.100 / 57. 83.100 libavdevice 57. 10.100 / 57. 10.100 libavfilter 6.107.100 / 6.107.100 libavresample 3. 7. 0 / 3. 7. 0 libswscale 4. 8.100 / 4. 8.100 libswresample 2. 9.100 / 2. 9.100 libpostproc 54. 7.100 / 54. 7.100 Input #0, image2, from 'image-%03d.jpg': Duration: 00:00:25.24, start: 0.000000, bitrate: N/A Stream #0:0: Video: mjpeg, yuvj420p(pc, bt470bg/unknown/unknown), 4000x3000 [SAR 1:1 DAR 4:3], 25 fps, 25 tbr, 25 tbn, 25 tbc Stream mapping: Stream #0:0 -> #0:0 (mjpeg (native) -> h264 (h264_vaapi)) Press [q] to stop, [?] for help [swscaler @ 0x5577c4cfb3c0] deprecated pixel format used, make sure you did set range correctly Output #0, mp4, to 'out.mp4': Metadata: encoder : Lavf57.83.100 Stream #0:0: Video: h264 (h264_vaapi) (High) (avc1 / 0x31637661), vaapi_vld, 4000x3000 [SAR 1:1 DAR 4:3], q=0-31, 60 fps, 15360 tbn, 60 tbc Metadata: encoder : Lavc57.107.100 h264_vaapi frame= 631 fps=9.3 q=-0.0 Lsize= 133604kB time=00:00:10.48 bitrate=104401.7kbits/s speed=0.154x video:133596kB audio:0kB subtitle:0kB other streams:0kB global headers:0kB muxing overhead: 0.006032% 59.94user 1.03system 1:08.18elapsed 89%CPU (0avgtext+0avgdata 120480maxresident)k 3504inputs+267264outputs (0major+44766minor)pagefaults 0swaps
Resultado? 1 minuto e 08 segundos. Incrível. Usou 89% de CPU, o que significa que das 4 CPUs, uma somente ficou ocupada. E não 100%, apenas 90%.
Realmente incrível.
Não são todos os formatos de vídeo que são suportados, mas pra ter esse desempenho acho que vale sacrificar os formatos pra gerar um simples mp4.
UPDATE: 2021-11-01. O vídeo que renderizei pros testes.
Se você chegou agora e está perdido com o título, leia o primeiro artigo:
Países considerados os mais felizes do mundo escondem problemas graves
Pra você que leu e talvez não tenha ficado claro o motivo de eu abordar as fotos nas revistas no primeiro artigo: eu tentei mostrar que existe uma exigência de padrão de beleza bem menor que em países como o Brasil. Aqui cada um veste o que quiser e do jeito que quiser. E, claro, isso contribui pra felicidade da população.
E agora vamos falar um pouco das crianças. Falar sem ver. Por quê? Porque a maioria dos lugares que eu adoraria mostrar não permitem fotos. Tive de recorrer ao Google Maps para pegar algumas, mas as partes mais legais não aparecem porque em geral as escolas ficam dentro de parques.
Primeiramente que escola é obrigatória aqui. A partir dos... acho que 6 anos (mas posso estar enganado, então pode ser que seja aos 7). Começa no förskola (fer-is-cuo-la), ou primeira escola (primário), e depois vai do 1° ao 9˘ ano. A partir daí é o colegial de 3 anos. A escola em geral é gratuita, paga pelos impostos, mas descobri recentemente que alguma escolas internacionais em inglês são pagas. Existem escolas em inglês que não são pagas, mas essas têm filas de 4, 5, e até mais anos. Em geral é uma boa a escola em sueco pra criançada pegar o idioma, mas isso vai da decisão dos pais e suas possibilidades.
Independentemente de onde morar, é obrigatório a cidade oferecer uma vaga em até 3 meses na escola sueca. Isso pode ser doloroso se estiver com aluguel de moradia curta de 6 meses, que é meio que regra aqui (e isso é muito ruim).
Na escola são dados materiais didáticos como cadernos, livros e canetas ou lápis. Então basicamente você só precisa deixar a criança na escola e buscar depois. Sobre o horário, muitas escolas abrem por volta das 6:30 da manhã, pra permitir aos pais que trabalham ou longe ou nesse horário pra ter onde deixar as crianças. Pra buscar pode ser até às 7:30 da noite. Mas se não me engano isso é de algumas escolas e o horário obrigatório é às 06:30 da tarde. Na escola recebem alimentação pra ficar o dia inteiro. E já esquecia desse ponto: as escolas são o dia todo.
Além das aulas normais como de língua e matemática, nas escolas têm também aulas de culinária, marcenaria e costura. Não aquela maravilha, mas vez ou outra sai umas pizzas de forno (pão árabe, molho de tomate, presunto e queijo). É comum também a escola levar a turma toda pra passeios em fazendas com animais. Por quê? Pra conhecerem os animais. Então eles brincam com os coelhos, correm das galinhas e dão comida pros pôneis. A escola também os leva pra aproveitar as piscinas indoor durante o inverno e a outdoor, que é bem rasinha, no verão. Tem também passeios durante o inverno pra patinarem no gelo e, no ponto mais central, até esquiarem (existe um morro famoso aqui no centro que permite isso e não é muito alto). Na escola ainda eles têm direito a 1 hora de aula da língua materna por semana.
Pra deixar bem claro: não é escola com aulas o dia todo, mas pra ter onde deixar as crianças. A escola começa por volta das 8:30 e termina por volta das 14:00. Alguns dias um pouco mais tarde, em outros um pouco mais cedo. Desde o começo já aprendem a andar pela cidade. Todas as atividades são ou nos parques ao redor das escolas ou em museus que em geral ficam em algum lugar distante, mais central, ou ainda nas tais fazendo que mencionei acima. Então as crianças desde pesquenas são orientadas em como usar o transporte público. Que é gratuito até os 8 anos. E depois? Continua gratuito pra maiores de 8 anos que precisam pegar transporte público pra ira à escola. Eles oferecem um cartão que não paga nada até às 7:30 da noite durante a semana. E, claro, o transporte de estudantes custa mais barato que o passe normal, caso precise comprar passagem pro fim de semana.
Em geral as escolas são próximas das residências. Ao ponto das crianças irem sozinhas já com 7 ou 8 anos. E eles incentivam isso. Quando chegam numa certa idade, do ginásio, daí são escolas maiores e geralmente poucas por bairros. E assim as escolas vão afunilando a localização conforme a criança vai crescendo. É comum ver jovens indo pra escola de bicicleta. Pra mostrar um pouco das escolas, vou recorrer ao Google Maps pelo motivo que já coloquei logo no começo do artigo: privacidade das crianças e adolescentes.
E antes que me esqueça, aqui tem também uma bolsa pra cada filho melhor. É chamado barnbidrag e vem metade pro pai e metade pra mãe, mesmo sendo casados. Pra, no caso de separação e/ou divórcio, ficar tudo mais fácil. É como uma bolsa família mas com a diferença de que todo mundo recebe, independentemente se sua renda mensal precisa ou não. Não é um valor alto, por volta de 100 euros, mas é um dinheiro da criançada pra gastar com a criançada.
Bom... já descrevi da escola, mas onde está a parte relevante? Onde está a parte que a Suécia esconde?
Aqui é comum ver as crianças, quando mais jovens, irem vestidas... como quiserem. Meninos vão de vestido e meninas vão de vaqueiro. Não existe um "menino usa azul e menina usa rosa", que é até considerado sexismo por aqui. Tanto que uma loja de brinquedos viu-se no meio de uma discussão sobre sexismo ao separar os brinquedos em sessões "de meninos" e "de meninas".
E como foram as escolas durante a pandemia? Certo ou errado, a Suécia manteve a decisão de permanecer com escolas abertas até o 9° ano, pois o argumento foi de que era preciso manter as crianças na escola pros pais que trabalhavam na linha de frente pudessem continuar trabalhando. Apenas os jovens do colegial passaram a ter aulas remotas. E, claro, cada um recebeu um laptop pra poder participar das aulas. Nas universidades também as aulas passaram pro modo remoto, mas não sei dizer se receberam um laptop pra isso ou não.
Tá certo... mas isso não explica a reclamação dos pais moçambicanos, não é mesmo? O que acontece aqui é que a Suécia trata cada criança como uma cidadã desde pequena. Ao contrário de países como Brasil, onde os pais é que são seus guardiões, aqui o estado representa a criança e seus interesses. Inclusive contra os próprios pais, se for o caso. Então se um pai abusivo entrar em casa e bater numa criança, ou jovem, pode ser denunciado por esse à polícia. É uma noção bastante estranha pra nós brasileiros, mas com o tempo você acaba acostumando (ou então volta pro seu país).
Existe uma discussão sobre a Suécia estar criando pequenos ditadores nesse sentido. Mas eu diria que isso é um estigma de quem vem de fora e quer criar caso. Ninguém comenta do sistema de ensino, das escolas gratuitas e só olham pra esse lado. Claro que é mais fácil apontar pra um defeito, mas esquecer tudo mais que se ganha aqui?
Leva-se um tempo pra acostumar com as regras daqui e passar a tratar os filhos como... cidadãos. Então como qualquer outra pessoa, você tem de sempre negociar. Não vai tomar banho? Não tem Internet. Não vai pra escola? Não tem youtube. E por aí vai. Não, não é tarefa fácil, como atestam os moçambicanos.
Mas falar de brasileiros ou moçambicanos pode até dar a ideia errada sobre o que está por trás disso. O que acontece é que nem todo mundo compartilha os valores europeus. E pra estar aqui, deveriam adaptar-se. Então as famosas mutilações de genitais, praticadas em vários países do mundo, não é permitida aqui. A criança pode denunciar os pais por tentarem fazer isso e pode ser direcionada pra viver com sob guarda do estado.
Estranho uma criança tendo direitos, não é? Mas não devia ser. Aqui não é.
Então recebi assim, sem muita cerimônia, a reportagem da Record sobre a Suécia. Países considerados os mais felizes do mundo escondem problemas graves. O título já é um grande bait. A coisa toda vai de mau a pior. É um monte de bobagens juntas com vários estereótipos juntos.
Fonte: https://recordtv.r7.com/domingo-espetacular/videos/paises-considerados-os-mais-felizes-do-mundo-escondem-problemas-graves-16082021
Não é a primeira vez que recebo algo assim e provavelmente não será a última. Minha sensação é que pra esconder a atual situação, que eles ajudaram a chegar com várias reportagens de apoio ao atual presidente, ficam despejando esse conteúdo de vira-latas. Algo pra dizer "olha como não somos só nós que estamos mal, e eles escondem muitos problemas". Claro que existem problemas aqui, mas não como no Brasil.
Então vou escrever um pouco mais sobre a Suécia e tentar mostrar pelo menos outro tipo de visão da coisa.
E escolhi escreve sobre... propaganda! Sim, propaganda.
Aqui usa-se muito a imagem das pessoas como elas são, sem muita maquiagem, nem sensualização. Então não é um povo que vê sexo em tudo que vê, nem leva tudo pra um lado erótico. Pelo contrário.
Uns exemplos tirados de revistas. Nesse primeiro temos uma mulher... trocando o pneu. E duvido que seja apenas pra aparecer na capa da revista. Aqui a igualdade é levada ao extremo é comum ver mulheres trabalhando em empregos que tipicamente temos somente homens no Brasil, como construção civil.
Essa é a revista do sindicato. Eu sou sindicalizado aqui e faço parte do Unionen, um dos maiore sindicatos da Suécia. Na capa da revista é possível ver outra mulher e... nada de pose sensual. Pouco maquiagem. Apenas ela. E não é só nas revistas. Normalmente as mulheres aqui não usam muita maquiagem. Nem vestem-se de maneira muito chique.
Essa parte interna da revista tem uma propaganda com essa mulher acidentada. Novamente nada de maquiagem, ou ao menos que possa mostrar sensualidade. Se não me engano era um anúncio de seguro.
Um artigo sobre uma fazenda de animais ou algo assim. Notem novamente a pessoa na foto. Sem muita maquiagem e com roupas simples.
Agora uma reportagem interna sobre um treinador de futebol pra crianças. Novamente uma pessoa como ela é: sem roupas marcantes, sem ser aquele sueco super sensual e fortão. Apenas uma pessoa com cara de gente boa e fazendo algo que inspira outros a fazerem igual.
E essa bela foto dessa vovó simpática então? Novamente pouca produção e a pessoa mais próxima do que realmente é em seu cotidiano.
Aqui mais um homem, desses que a gente se identifica. Não aqueles deuses nórdicos que a mulheres acham que vão ver o tempo todo na Suécia. Esse sim um típico sueco.
E mais uma foto de propaganda na revista. Agora de um casal em posição de... nada. Apenas olhando o telefone juntos. Ambos usando roupas comuns e ela com um pouco de batom. E só. Bem simples, e bem cotidiano.
A última foto de mulher nesse artigo. Sem muita maquiagem e cabelos no mais natural possível.
E finalmente a capa da outra revista que mostrei a parte de dentro, o guia de saúde que recebemos a cada 3 meses. Novamente um homem sueco com cara de sueco mesmo. Simples, de óculos, com apenas uma blusa e nada estravagante.
Acho que até aqui já foi possível entender como as coisas funcionam aqui. O que existe no Brasil como normal em termos de propaganda com certeza seria tido como vulgar aqui. Eu mesmo depois desse tempo todo já vejo como vulgar, imagina então eles? E esse zen de vestir-se e viver de forma simples está em todo lugar. Algumas pessoas vão pra empresa de terno, mas maioria não vai. Aliás não existe um "dress code". Veste-se o que quer e como quer. Eu até acredito que é possível ir com a cueca por fora da calça que ninguém vai falar nada.
Então a Suécia figura como um dos países mais felizes do mundo. Um dos motivos é esse: simplicidade. Em tudo.
Hoje pode parecer que vou escrever sobre política, mas não vou. Talvez um pouco.
Durante os anos do governo Obama muita gente não percebeu até o Snowden jogar a coisa toda no ventilador, mas monitoração tinha virado algo comum. Sem mandado e até fora do país.
Pra celebrar esse grandioso acontecimento eu criei na época um programinha em python que ficava tirando foto de mim a partir da webcam do laptop. Qual a graça disso?
Eu já escrevi aqui sobre como usei esses screenshots pra fazer um vídeo bacana em usando python pra capturar a webcam. A ideia do programa batizado "obamawatcher.py" era a mesma.
Mas passado o frenesi da época, eu acabei esquecendo dele. Até que esses dias, funçando alguma outra coisa que não lembro, encontrei aqui encostado. E resolvi dar um peteleco nele e renovar tudo.
Então agora tem um script com repositório e tudo no github:
https://github.com/helioloureiro/obamawatcher
Claro que ainda tem muita coisa pra acertar, mas o que fiz foi manter o programa original, que usa pygame pra acessar a webcam, tirar a foto e pyinotify2 pra avisar você disso por mensagem no desktop, e adicionar a funcionalidade de ter na barra de tarefas do KDE. Sim, KDE. Segura esse choro. Utilizei PySide2 pra fazer em QT, então é KDE na veia. Não sei se funciona com Gnome e afins. Vou esperar um feedback. Mas por enquanto está funcionando no KDE e fica a cara do Obama lá te olhando na barra de tarefas. Quando vai bater a foto usa pynotify2 pra enviar uma mensagem pra você sorrir pra câmera.
Com o resultado é possível depois juntar as imagens e montar um gif animado como esse:
Quem olhar o código fonte vai notar que botei uma certa barreira de horário pra ele funcionar.
hour = int(time.strftime("%H", time.localtime())) if hour < HOURSTART or hour > HOURSTOP: print(f"Not a good time: {hour}") continue
Isso é pra evitar pegar alguma foto sua com pouco ou nenhuma roupa, uma vez que os hábitos de home-office nos tornaram menos... sucetíveis a continuar vestidos.
Está ainda em desenvolvimento e devo ainda colocar algo como boilerplate pra ter ele ativado no autostart do KDE (e Gnome e ainda outros).
Divirta-se!
Recebi essa semana um convite inusitado pra participar da Latinoware 2021. Conheço a Latinoware desde as épocas do FISL mas nunca participei ativamente.
Por quê não? Nos meus tempos de software livre no Brasil eu sempre tentei priorizar ao menos 1 viagem anual pra participar de eventos, que era dedicada ao FISL. Não que eu não pudesse participar de mais, mas eu não tinha cacife pra bancar mais do que uma viagem por ano em termos de custo financeiro e distância da família, e ainda conseguia negociar na empresa como sendo tempo de treinamento. Então era difícil participar de outro evento e acabava escolhendo o FISL. Outra coisa que me motivava mais em ir ao FISL era que o evento era gravado. Então apesar das muitas trilhas de palestras simultaneamente boas (e que às vezes acabava com sala cheia e não tinha como entrar), eu sempre podia recorrer posteriormente aos videos pra assistir o que tinha sido perdido. E isso não tinha em outros eventos.
Mas o tempo passou e as coisas mudaram. O FISL foi definhando ao ponto de praticamente estar morto hoje em dia. O grupo do evento ainda existe no telegram, mas já faz anos que o evento não acontece. Já o Latinoware só cresceu. Ocupou completamente o espaço de evento de software livre que era ocupado pelo FISL. E por causa da pandemia, assim como a maioria dos eventos, passou a ser online.
Então ano passado eu pude participar do Latinoware 2020 já remotamente. Como participante, claro.
E esse ano recebi o célebre convite pra participar mais ativamente. Não apenas uma honra como também não sei nem se tenho roupa pra participar. Ainda bem que será online e poderei estar de pijamas :D
O evento acontecerá em outubro nos dias 13, 14 e 15.
E terá a presença ilustre de outras caras do software livre no Brasil:
Essa é só uma prévia de nomes ainda não confirmada, mas já parece ser um ótimo evento com um time de muita gente boa pra palestrar. Como mencionou o próprio Marco Siriaco, um time de gente realmente phoda.
No meio de tanta gente boa assim, quem sou eu nessa fila do pão?
Eu ainda não pensei bem no que vou falar então aceito sugestões. Gostariam que eu fizesse uma palestra sobre algum assunto específico? Pode enviar sugestões ou pro meu e-mail: helio[AT]loureiro.eng.br, ou no twitter @helioloureiro ou no telegram @helioloureiro.
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