Depois da chamada para ajuda à FSF na BR-Linux, Projeto GNU precisa da nossa contribuição – e não de brigas internas na comunidade, resolvi me associar a ela para ajudar. Afinal nada mais prazeroso que escrever meus artigos como um membro da FSF.
E um recado que nunca pode ser esquecido: free software é software livre, não gratuito.
Também fiz uma contribuição à FreeBSD Foundation, só pra manter o equilíbrio do universo. Ao menos do universo de software livre.
Por uma coincidência incrível, daquelas que ocorrem a cada alinhamento de planetas ou algo do gênero, assisti ontem a palestra do John Maddog Hall na campus party 7 cujo nome é esse do texto: fique rico com software livre. É o tipo de assunto que gosto de accompanhar, mas eu tinha baixado a palestra pra assistir e tinha esquecido completamente. Eis que o wifi estava ruim ontem, Netflix não funcionando, Internet intermitente e... sim, resolvi vasculhar o HD pra ver se tinha algo que eu pudesse ler ou assistir. Incrível o poder de abandonar coisas interessantes conforme a capacidade do HD aumenta...
Em várias listas e grupos que participo existe uma noção errada, e até um pouco ingênua, de que software livre é o que basta pro negócio dar certo. Que com software livre já existe uma vantagem competitiva. Nessa apresentação do Maddog, que está em inglês, ele toca nesse ponto. Eu peguei algumas partes pra comentar.
Esse primeiro slide é bem interessante. Ele comenta sobre as liberdades que definem um software como livre. E coloca bem claro na parte de baixo: ninguém disse que não devia fazer dinheiro escrevendo software livre. Sim, software livre pode ser vendido. Pode-se ganhar dinheiro com ele. Já comentei algumas vezes em sobre a 5a liberdade que criaram - mais acirramente no Brasil - onde transformar software livre em dinheiro virou algum tipo de pecado. Não é.
Business as usual. Software livre significou uma quebra de paradigma na forma de fazer software, mas não na de fazer negócios. Para ganhar dinheiro com software livre é preciso conhecer seu mercado, seus concorrentes, seu produto, seus consumidores, enfim tratar como outro negócio qualquer. Não existe mágica com software livre. Software é software e negócios são negócios.
O por qual motivo as pessoas escrevem software livre? São inumeradas as razões, que diferem em muito do software proprietário, onde somente um modelo de negócios existe. Mas não acredite que software livre é feito somente por hobbistas. Grandes empresas já fazem ou contribuem com a maioria dos projetos de software livre. Em termos de negócios, abrir seu software como livre pode não trazer um benefício direto. Pode ajudar na correção de bugs e adição de melhorias, mas não necessariamente no negócio em si (software livre não é vantagem competitiva, lembra?).
E alguém pagaria pra ter um software livre? Sim! Maddog inumera alguma das razões. A maior dela é usar o software livre pra atender mais rapidamente alguma necessidade da empresa. Então essa empresa com certeza pagaria o desenvolvedor, ou que se quiser manter o software, pra adicionar uma melhoria. Ou mesmo criar um fork.
São consideradas outras facetas do software livre como negócio, mas não vou comentar uma por uma pois o melhor é assistir a palestra por inteiro. Apenas lembre-se que é possível ganhar dinheiro com software livre, mas isso não significa que software livre seja uma vantagem competitiva pro negócio.