Written by: Helio Loureiro
Category: Pessoal
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Depois da festança, sempre vem a ressaca.  Sempre.  O governo brasileiro sente com força esse pós-festa que se reflete em toda economia e deve durar ainda alguns bons anos pra se recuperar (haja engov).  Tudo causado por um certo "abuso" nos gastos que junto com um certo "otimismo demais" e uma não leitura da realidade resultou nisso.

E o governo brasileiro não está sozinho.  Eike Batista sofreu do mesmo mal com suas empresas X.  Vendidas como o modelo de empresas que se deveriam seguir no Brasil, com o típico empresário de sucesso, a bonança terminou antes que qualquer projeto fosse finalizado e empresas gerassem algo mais que prejuízo.  Como resultado a ressaca foi brava.  Quem acreditou, perdeu muito dinheiro.  Não, o Eike não perdeu dinheiro.

Em software livre existe algo parecido.  A festança foi a celebração da luta contra "as redes devassas", contra a "monitoração da NSA".  Como a canção de Gilberto Gil, todos gritavam "vamos fugir, desse lugar, babe" e apontavam a solução pra redes como Diaspora, Quitter, OpenMailBox, RiseUp, etc.  Quando escrevi o artigo as empresas nefastas e redes devassas, já apontava um problema de sustentabilidade: como uma alternativa dessa se mantem viável?  Quem paga essa conta?

Mas era época de festança.  Quem liga pra quem paga a conta enquanto tem cerveja?  E gratuita!  Todo brasileiro que se dizia ativista corria em euforia pra nova rede gratuita, gritando que errados eram os outros.  Éramos vendidos.  Não sabíamos o preço de nossa liberdade.

Mas chegou a ressaca.  Hoje ao entrar na rede do Diáspora, que faço pelo joindiaspora.com, que consegui participar por convite do Eduardo (BoiMate), encontrei um botão de doação.  Pra se manter vivo, o serviço precisa de máquina, acesso Internet, eletricidade, etc.  De forma voluntária é mantido o software e sistema, mas isso não basta: precisa de dinheiro.

Da mesma forma, com praticamente nenhum uso, tenho uma conta no OpenMailBox.  Das mensagens que recebo, o mesmo tipo de pedido: precisamos de dinheiro pra continuar existindo!

É algo terrível ou anti-ético?  Pelo contrário.  Se o modelo de financiamento não é por monetização com propaganda, nem vendendo nossos meta-dados, nada mais transparente que pedir dinheiro.  Querem usar o serviço?  Ajudem a manter!  A ASL pediu doações  pra realizar o FISL e teve, segundo relatos, um dos melhores FISLs dos últimos anos.  Vários serviços buscam financiamento pra se manter, inclusive a FSF.

De minha parte eu contribuo para:

Não é um valor alto, na verdade algo como 20 reais por mês em cada (exceção da FSF que cobra beeeeem mais caro), mas já deve ajudar.

E você que usa software livre, pra qual projeto faz doação em dinheiro?  Não acha que vale à pena ajudar algum projeto que goste?  Pense bem nisso antes da ressaca bater forte.